ERVA-DOCE
A SEMENTE DA DELICADEZA
"No chá ou na panela, em pratos doces ou salgados, a erva-doce acalma as tensões e o paladar"
Para os indianos, a semente da erva-doce, ou mouri, digere as tristezas, adoça o coração e "dá força mental para se fazer o que deve ser feito", como diz o livro A Senhora das Especiarias, de Chitra Divakaruni, romance que aborda os poderes mágicos das ervas.
Não é pouco para o adocicado e perfumado anis, ou Pimpinella anisum, que chamamos de erva-doce e que brotou em finas ramas à beira do Mediterrâneo. Primeiro na Grécia e depois no Egito, levada por gente, ave ou vento, quem saberá?
Seus usos se alastraram pelo mundo, ganhando expressão na cozinha e na farmácia caseira.
Quem nunca tomou um chazinho de erva-doce para se acalmar ou o fez para ajudar o sono ds crianças? Quem não experimentou a surpresa de morder a sementinha num bolo de fubá? Ela está nos licores, como no Pernod, no curry indiano, nos buquês mediterrâneos, Prima do aneto, do funcho (também chamado erva-doce), da alcarávia e do cominho, dá-se muito bem com eles e com outros condimentos. Quebra o leve amargor do alecrim, do orégano e do tominho. Suaviza o picante do gengibre, do cravo e da pimenta-do-reino.
Por tudo isso, deixa maravilhosos os peixes, as sopas, os legumes e até massas, trazendo a eles um frescor especial e um adocicado sutil.
Por Rosa Nepomuceno